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Vera Rodrigues, professora da Unilab, apresenta artigo em Harvard sobre questão racial e militância feminina

Data de publicação  20/12/2022, 10:06
Postagem Atualizada há 2 anos
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A professora e antropóloga Vera Rodrigues, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), estará na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, para apresentar o artigo “Vidas Negras Importam: o que dizemos nós, mulheres negras ativistas, intelectuais e artistas”. A apresentação ocorre no âmbito do Segundo Encontro Continental de Estudos Afrolatinoamericanos, realizado de 7 a 9 de dezembro.

“Muitas de nós, mulheres negras, conhecem a imposição do silêncio em nossas vidas. Não falar no privado: em casa, no âmbito familiar. Não falar em público: no trabalho, na universidade. Nossa voz e, portanto, nossa existência é silenciada na articulação das opressões que nos atingem: racismo e machismo”, denuncia a pesquisadora em trecho do artigo.

De acordo com a feminista negra bell hooks, citada por Rodrigues, o ato de fala expressa a transição de objeto para sujeito, liberta. “Por isso, quando erguemos nossa voz para dizer “Vidas Negras importam”, estamos nos colocando na posição de sujeitos que rejeitam a imposição da morte”, afirma.

Da filosofia de Sueli Carneiro à musicalidade de Elza Soares, Vera Rodrigues aborda trajetórias coletivas a partir das quais é possível problematizar a questão racial, perpetuada por gerações. “Se considerarmos a soma das idades das mulheres negras elencadas, são mais de 200 anos de embates e debates da história da população negra brasileira. Se fizéssemos um recuo histórico com base nesse somatório, chegaríamos ao século XVIII. Ou seja, do período dos corpos-negros-mercadoria, corpos-negros-escravizados, passando para o século XIX com corpos-negros-perseguidos, corpos-negros-marginalizados. No século XX, são corpos-negros-subalternizados. E agora, no século XXI, são corpos-negros-matáveis”, pontua.

Apesar de concordar com a professora Zelma Madeira, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), sobre ainda não haver um pacto civilizatório que alce a questão racial ao lugar central em que merece estar, Rodrigues enxerga um novo momento de organização coletiva no Brasil. “(há um) crescente número de coletivos de mulheres negras criados nesse período entre 2016-2019, os quais vão desde o foco nas pré-candidaturas femininas e negras para as eleições municipais, como “Movimento Negras Vozes” (SP) ou “Mulheres Negras Decidem”, o qual está presente em 16 estados brasileiros com uma pauta comum de oposição aos avanços de um conservadorismo racista e fascista, além da defesa da democracia”, enumera.

A luta é grande, pois contra 400 anos de escravidão, há 134 de uma abolição considerada inacabada pelos movimentos negros brasileiros, agravada pela constante negação do racismo, o que nos impede de reconhece-lo e buscar a reparação. Vera Rodrigues faz coro com a psicóloga portuguesa Grada Kilomba, segundo quem o racismo está na base do colonialismo, “antes na política europeia escravista, agora na política de imigração. É hierarquizante. Isso nos remete a uma atemporalidade do racismo com uma constante atualização do seu vocabulário”.

Professora ministrou curso em Harvard há dois anos

Em 2020 e 2022, Vera Rodrigues ministrou o seminário on-line “O Brasil contemporâneo sob a ótica de pensadores(as) negros(as): o que temos a dizer sobre democracia, fascismo e racismo”, no curso Certificado em Estudos Afro-latino-americanos do Afro-Latin American Research Institute da Harvard University – EUA.

A proposta do seminário concorreu com outras 16 e foi a única do Brasil aprovada, subscrita por Rodrigues e mais dois professores: Marco Antonio do Bonfim, professor do Mestrado Interdisciplinar e Letras da Universidade Estadual do Ceará; e Edilene Pereira, socióloga da Fundação Visconde do Cairú, em Salvador/BA.

 

Fonte: Portal da Unilab

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