Missão em Cabo Verde realiza encontro com egressos e representantes do governo e instituições de educação
O cabo-verdiano Alexandrino Moreira Lopes cruzou o Atlântico para estudar Ciências da Natureza e Matemática na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e, de volta ao seu país de origem, hoje atua como professor universitário, contribuindo para o processo de formação qualificada. A ex-estudante cabo-verdiana Ailene Rosa graduou-se na primeira turma do curso de Letras – Língua Portuguesa na Unilab e, atualmente, trabalha dentro da embaixada brasileira em Cabo Verde, onde realizou trabalhos como a construção de um Museu de Língua Portuguesa. Já Paulo Miguel Fernandes ingressou na trama governamental cabo-verdiana, como assessor da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, após formação em Administração Pública na Unilab. Essas são algumas histórias de travessias e trajetórias acadêmicas e profissionais relatadas por egressos a uma comitiva da Unilab, que realizou, pela primeira vez, missão internacional e institucional em Cabo Verde, em novembro de 2022.
Comitiva da Unilab formada pelo reitor Roque Albuquerque (primeiro à esq.) e pelos pró-reitores Artemisa Candé Monteiro e Carlos Henrique Pinheiro, em cncontro com o presidente de Cabo verde, José Maria Neves (centro)
Na missão, além do encontro com egressos da Unilab, a comitiva realizou reuniões e diálogos com o presidente da República José Maria Neves; representantes do Ministério da Educação; do Ministério da Saúde; do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades; do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública; do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública; além de instituições de ensino superior, como a Universidade de Cabo Verde e Universidade de Santiago. “Tivemos uma agenda intensa com vários setores porque queremos construir uma agenda conjunta que venha atender a necessidade do país (Cabo Verde)”, afirmou o reitor da Unilab Roque Albuquerque. Ele apontou que a Unilab contribui para formação de quadro de profissionais qualificados que, inclusive já atuam como deputados, em ministérios e em outros espaços estratégicos, com impactos no desenvolvimento de Cabo Verde. A Unilab possui atualmente cerca de 30 estudantes e 90 egressos cabo-verdianos, e oferta 140 vagas anuais a discentes dessa nacionalidade, que não têm sido preenchidas na sua totalidade.
Comitiva da Unilab, em encontro com representantes do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública
Portanto, entender essa lacuna e realizar a divulgação dessas vagas, do projeto pedagógico e acadêmico – com caráter internacional – foram algumas das metas centrais dessa missão institucional. Para tanto, os egressos da Unilab demonstraram abertura e disponibilidade para contribuir na concretização desses objetivos. “Hoje trabalho com estudantes que vão pro Brasil estudar, tenho sempre conversado com eles, falado um pouco da minha experiência. Sempre achei que os egressos têm papel fundamental na divulgação da Unilab no país, porque em Cabo Verde funciona muito no ‘boca a boca’”, disse Ailene Rosa.
Egressa da Unilab Ailene Rosa
Disponibilidade de apoio na divulgação da Unilab também foi mencionado pela ministra Maria de Fátima Santos, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades/Direção Nacional da Política Externa, que apontou a necessidade de cooperação na formação de profissionais qualificados para Cabo Verde. “Queremos formar quadros de qualidade. E nós apostamos sempre no Brasil como sendo centro que formou quadros que estão aqui na administração pública cabo-verdiana e que têm demonstrado que realmente fazem o que se pediu e que a qualidade de ensino que trouxeram é realmente grande”, afirmou Santos.
Comitiva da Unilab (Artemisa Candé Monteiro e Roque Albuquerque, no centro), em encontro com egressos cabo-verdianos
Retorno dos egressos
No encontro com a comitiva da Unilab em missão internacional, os egressos cabo-verdianos destacaram a importância da Unilab para abrir caminhos na trajetória profissional, em uma perspectiva de ensino baseada na cooperação solidária. “É uma formação sólida que nos faz acreditar na mudança. Quero destacar a Unilab como a base, um ponto para aquilo que chamo de valorização da comunidade e promoção da igualdade, das pessoas, do gênero. Enfim, a Unilab como grande marco, é uma instituição modelo para a humanidade se pensar, porque sua formação além de ser acadêmica e técnica, traz uma perspectiva cultural muito forte, que fortalece a relação entre os povos, que valoriza o outro e as diferenças”, destacou Alexandrino Lopes.
Egresso da Unilab Alexandrino Lopes
Ele conta que nasceu na periferia de Cabo Verde e encontrou na Unilab uma oportunidade para alargar horizontes e qualificar-se, para uma atuação de impacto no seu país. Ele também fez mestrado em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis na Unilab. “Hoje sou mestre. Além de conseguir ser professor universitário, também sou empresário, tenho tido algumas respostas positivas pela minha participação em Cabo Verde, nesse jogo do desenvolvimento, do progresso. Hoje construí uma empresa, dentro dessa perspectiva de minha formação do mestrado e pesquisa sobre emancipação da classe subalternizada, valorização da humanidade e promoção da economia solidária”, apontou.
Já o egresso Paulo Miguel Fernandes, graduado em Administração Pública pela Unilab, concluiu o mestrado em Governo e Administração Púbica e atualmente está na fase de doutoramento, pela Fundação Getúlio Vargas, nessa mesma área. Fernandes conta que, ao retornar a Cabo Verde, recebeu convite para ocupar cargo de diretor de Recursos Humanos no Ministério da Justiça. Três meses depois, surgiu nova proposta, desta vez, para trabalhar como assessor da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública e atuar no campo de governo digital – um dos temas norteadores de seus estudos. “O curso me ajudou muito na área acadêmica e profissional. Na Unilab aprendi muito na academia e nos movimentos estudantis. Fundei, juntamente com colegas, a Associação dos Estudantes de Cabo Verde na Unilab e fui o primeiro presidente eleito. Aprendi muita coisa que hoje trouxe aqui para Cabo Verde e que me ajuda na atuação no meu trabalho”, relatou.
Egresso da Unilab Paulo Miguel Fernandes (centro)
Para a pró-reitora Artemisa Candé Monteiro, da Pró-Reitoria de Relações Institucionais e Internacionais (Prointer), o encontro com os egressos, durante a missão internacional, gerou um impacto de alegria por parte dos ex-estudantes, por ver a Unilab nos países deles. O segundo impacto, por parte da comitiva, segundo aponta Monteiro, foi ouvir a trajetória dos estudantes e verificar a importância da formação da Unilab na trajetória de vida desses formados. “Para nós é uma grata satisfação. Isso mostra o resultado desse projeto que é a Unilab, que foi montado para dar retorno aos países parceiros”, destaca. Ela sublinha, ainda, que esse retrato dos egressos, encaminhados na vida profissional e acadêmica – inclusive em cargos estratégicos – comprova o cumprimento da missão da universidade, de “formação de quadros para a CPLP, para suprir a desigualdade e auxiliar no desenvolvimento dos países parceiros”, afirma a pró-reitora.
Missão internacional
Comitiva da Unilab em reunião com representantes do Ministério da Saúde de Cabo Verde
Além de entender e aprimorar a divulgação da Unilab entre os estudantes cabo-verdianos, a missão teve, entre outras propostas, dialogar sobre mobilidade, intercâmbio e transferência de tecnologias; acessar grades curriculares no contexto de Cabo Verde – sobretudo nas áreas de Saúde, para os cursos de Medicina e de Enfermagem – e, ainda, propor parcerias em âmbitos diversos como a pesquisa. “Queremos consolidar a universidade da integração. Nossa proposta é fazer com que essa integração de fato ocorra não só na recepção de estudantes, mas também numa parceria efetiva em relação às pesquisas, à pós-graduação e aos grupos de pesquisa; colocar pesquisadores em diálogo, traçar planos estratégicos comuns que fomentem o processo de internacionalização, que é uma necessidade global para a educação superior”, apontou, durante a missão, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Carlos Henrique Pinheiro.
Comitiva da Unilab, em reunião com representantes da Universidade de Cabo Verde
A missão institucional e internacional da comitiva da Unilab também visou estreitar laços com instituições cabo-verdianas, dialogar possíveis contrapartidas – inclusive com possibilidade de bolsas. “Essa missão vem para uma reaproximação e fortalecimento das relações institucionais entre a Unilab e as instituições de Cabo Verde, sejam elas privadas ou públicas, para que possamos estar integralmente como uma universidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), internacional, e integrar-se às instituições dos países da CPLP”, explicou a Artemisa Candé Monteiro, durante a missão.
Comitiva da Unilab em reunião com representantes da embaixada do Brasil em Cabo Verde
A comitiva também teve como objetivos entender e dialogar sobre as demandas das instituições, identificar os pontos focais e conhecer as realidades locais, para a construção de ações conjuntas. Em reuniões e encontros com representantes de instituições cabo-verdianas, as demandas surgiram sobretudo nas áreas de Agricultura, Agronomia, Saúde, Tecnologia e Engenharias Renováveis. “Existe toda uma compreensão de que temos expertise em várias áreas do conhecimento e que essa expertise também perpassa pela compreensão que nós precisamos melhor compreender os aspectos sociais, culturais, políticos do Estado cabo-verdiano, para que possamos fazer parcerias, que vão para além da gaveta, que de fato possamos implementar e torná-las viáveis, tanto de importância para Cabo Verde quanto para a universidade como um todo”, disse Carlos Henrique Pinheiro.
Comitiva da Unilab, em encontro com Comandante Pedro Pires (centro), presidente da Fundação Amílcar Cabral
Sul-Sul
A construção de uma agenda que priorize o olhar estratégico e solidário Sul-Sul também foi destacado em reuniões entre a comitiva da Unilab e os representantes de instituições de Cabo Verde. “A ideia da criação da Unilab é exatamente para ter uma universidade da lusofonia afro-brasileira, cujas relações diplomáticas, trocas de conhecimentos científicos e mobilidades acadêmicas deixassem de priorizar o norte global”, explicou o reitor Roque Albuquerque, em reunião com membros da Universidade de Santiago, instituição com a qual a Unilab assinou termo aditivo de renovação do acordo de cooperação por mais 5 anos, no qual enfatiza-se o desenvolvimento de intercâmbio acadêmico e cultural nas formas de educação e pesquisa.
“É fundamental que nos libertemos daquela tradição de uma relação com uma caminhada rumo ao norte. Obviamente há razões pra isso, mas havendo espaço para exploração de novas abordagens, abertura de novas plataformas de entendimento, para busca de novas convergências Sul-Sul, isso há de se valorizar. Acho que nossas instituições estão em condições de fazer”, afirmou o reitor da Universidade de Santiago, Gabriel Fernandes.
Reitor da Unilab Roque Albuquerque (esq.), em encontro com o reitor da Universidade de Santiago Gabriel Fernandes
Nesse sentido de cooperação entre países que trazem laços em comum, para a diretora Nacional da Administração Pública de Cabo Verde, Sofia de Oliveira Lima, a Unilab e o Brasil podem desempenhar papel importante nesse processo. “Precisamos ampliar os nossos paradigmas, as nossas visões, outras latitudes quando temos um país como Brasil que, a nível de bibliografia por causa da língua, é de enorme mais-valia para nós. E com certeza é uma grande oportunidade que temos de estabelecer esse laço de educação”, apontou.
Comitiva da Unilab
A comitiva da Unilab que esteve em missão internacional e institucional em Cabo Verde foi formada pelo reitor Roque Albuquerque; a pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais (Prointer) Artemisa Candé Monteiro; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) Carlos Henrique Pinheiro; e o secretário da Secretaria de Comunicação (Secom) Vinícius Alves Moraes.
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Fonte: Portal da Unilab